sexta-feira, 22 de junho de 2018


Interdisciplina: Educação de Jovens e Adultos no Brasil


      COSTURANDO SABERES: PRÁTICA E TEORIA


    Pensando um pouco sobre a EJA e juntando as informações teóricas é possível fazer uma costura entre ambas. Refletir sobre nossas pesquisas e leituras e até mesmo sobre a nossa prática. Os adultos sempre sabem alguma coisa, mesmo sendo analfabetos. Eles podem tirar informações de um texto escrito a partir das figuras ou das imagens que aparecem nas páginas. A curiosidade mobiliza o avanço de muitos conhecimentos. Conforme Hara (1992, p. 8) “o contato com adultos não escolarizados nos mostra que todos sabem algo, não só coisas do concreto, mas têm um conhecimento intelectual a respeito da escrita”.  Minha avó é analfabeta, com 80 anos, o passatempo dela é olhar revistas.  
   Ela fica um bom tempo observando a revista, ela tira informações a partir das figuras, sabe o tema da revista e comenta o que mais gostou de observar: roupas, receitas, tipos de cabelos, jardinagem, etc. Ela faz a sua leitura de mundo. Minha avó vai aos lugares, é independente, pega ônibus, vai aos médicos e visita os parentes. Deixou de estudar para cuidar dos irmãos, casou cedo, teve nove filhos e sempre trabalhou para sustentar a família.
    Realizamos uma pesquisa de campo, para a interdisciplina, e uma das professoras que foi entrevistada, relatou que os alunos da EJA possuem conhecimentos que precisam ser organizados com a prática escolar. Os adultos que frequentam a EJA buscam por um conhecimento que foi interrompido no ensino regular.
   De acordo com Hara (1992, p. 1) “os adultos das camadas populares, dentre as adversidades que a sociedade lhes impõe, a questão da escolarização tem peso menor para a sua sobrevivência.” Muitos deixaram de estudar para cuidar da casa, dos irmãos, para trabalhar na lavoura, ajudar na renda familiar. Alguns alunos da EJA dizem que os irmãos mais velhos acabavam arcando com esta responsabilidade, enquanto que os mais novos poderiam ter melhores oportunidades de estudar ou buscar novos caminhos. Os alunos, ao largarem os estudos, tinham que priorizar outras necessidades em suas vidas, o estudo era colocado como menos importante, entre tantas outras prioridades.
   Para a professora que participou da entrevista, o sentido da educação na EJA é possibilitar o avanço da aprendizagem e proporcionar momentos de socialização. Os alunos são conscientes do seu papel social e gostam de discutir temas importantes como: saúde, emprego e educação. A partir da observação e reflexão sobre o vídeo, disponibilizado na interdisciplina, percebemos que os alunos debatem sobre temas importantes e conseguem manter um posicionamento reflexivo, a professora aproveita os temas em destaque para incluir em suas aulas, tornando a sala de aula um espaço de diálogo e discussão com temas sociais.
   De acordo com o texto de Hara (1992, p. 7) “O homem, sujeito de sua aprendizagem, constrói seus conhecimentos nos diferentes momentos da vida e nas situações que vivencia, a escrita é um desses conhecimentos”.

COSTURANDO A TEORIA COM A PRÁTICA
                             


Referências:
HARA, Regina. Alfabetização de adultos: ainda um desafio. 3. ed. São Paulo: CEDI, 1992.
A construção da leitura e da escrita. Acesso: 22 de junho de 2018.

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