MUDAR
É PRECISO...
Minha postagem será para relatar o processo de aprendizagem da aluna S... Todos os anos trabalho com turmas de
segundo ano, praticamente, vira uma
rotina. Sei o que vou trabalhar, conheço os níveis de aprendizado dos alunos e vou
imaginando o que fazer para que todos recebam informações necessárias. Mas, uma
aluna me intrigou, irritou e me deixou sem ação: a S.... Não conhecia as
letras, não escrevia seu nome e não diferenciava números de letras. Seus
desenhos eram rabiscos. Tudo bem, vamos começar do zero. Enquanto eu pensava o
que fazer, ela começou a pegar os materiais dos colegas, inclusive os meus,
fiquei muito irritada. Conversei com ela diversas vezes, mas não adiantou. Era
sempre a mesma coisa, sumia algo da sala, estava com ela. Fui afastando ela de mim,
pensei que eu não tinha o que fazer.
No segundo semestre quando começamos a
disciplina de Alfabetização, surgiram informações importantes para mim. No
geral todas, todas as disciplinas foram importantes, mas preciso focar em uma
para explicar e argumentar sobre os avanços no aprendizado desta aluna. A
partir da leitura do texto: VER, CRIAR E COMPREENDER entendi com mais clareza o
processo de alfabetização das crianças. A aluna S... não havia desenvolvido a
habilidade de desenhar. Fui investigando e descobri que a família era muito
humilde e ela não possuía muitos recursos em casa, como livros ou folhas para
desenhar. Ela possuía um caderno velho e quase sem folhas e um estojo
praticamente vazio. Passei a emprestar os materiais para ela durante a aula e mudei
minhas atitudes com ela. Durante a semana eu a chamava para se sentar perto de mim
e pedia para ela fazer um desenho, enquanto ela desenhava eu ia conversando
incentivando, dizendo que ela era capaz e que eu estava muito feliz com seu
progresso. Aos poucos, ela foi mudando as atitudes. Fez algumas cartinhas para mim,
aprendeu a escrever o nome. Eu mudei minhas ações e o retorno foi imediato. Na
medida que ela foi aprimorando seu desenho, ela aprendeu a contar e reconhecer
os números até dez. Foi um enorme progresso, ela ficou mais confiante os
colegas também se aproximaram dela, pois ela parou de pegar os objetos da sala, quando ela fazia
algo interessante me pedia para mostrar para outras professoras da escola.
Ao final do ano ela não foi alfabetizada, mas o nosso aprendizado foi
uma satisfação. Para ela muitas possibilidades, para mim, a chance de fazer a
diferença, mudar atitudes e preconceitos. Quando se tem a chance, tudo pode
mudar. Através da disciplina de Psicologia aprendi a me conhecer e perceber o
quanto minhas ações influenciam a vida dos alunos, positivamente ou
negativamente. É preciso que eu, como professora, tenha a sensibilidade de
compreender o outro e enxergar além de cadernos e escritas perfeitas.